Ana Oliveira
Aninhascorpions@yahoo.com.br 
“O mundo é um tabuleiro  de xadrez, as peças são os Fenômenos da Natureza e as regras são  as Leis do Universo. Estamos jogando, e o jogador do outro lado está  oculto dentro de nós.” (Thomas Huxley).
Basta um click e lá está  ele. Um mundo virtual existe sim. Criado e mantido pela rede mundial  de computadores, local esse que nos permite obter informações e facilitar  a comunicação. Entretanto, ainda continuamos vivendo no mundo real,  lugar onde se tem cheiros e tudo pode ser tocado. O virtual, vale lembrar,  é um mundo efêmero, onde permanecemos por algum tempo, enquanto procuramos  os elementos que serão utilizados na vida prática. Um ponto porém  é preciso admitir, hoje um não vive mais sem o outro.
O desejo de auto-afirmação  no mundo virtual emana diretamente da não popularidade no mundo real.  Aquela criatura que não tem amigos, nem mulheres, de forma comum ilustrada  pela figura feia nos padrões reais, descobriu que na Internet pode  ser alguém respeitada, ter fãs, puxa-sacos, enfim, fama.
Blogs, Orkut, Twitter, Facebook,  Myspace, Messengers, Second Life e mais uma infinidade de sites proporcionam  ao indivíduo uma vida irreal. Os sites de relacionamento permitem que  o usuário omita sua identidade. Resultado: há homens que se passam  por mulheres, mulheres que fingem ser homens, pessoas com mais de sessenta  anos que dizem ter menos de 30, e assim por diante. Há as que estão  morando no seu bairro, mas lhe dizem que estão em outra cidade ou mesmo  outro país.
Um grande exemplo é o Second  Life, a febre da internet altamente contagiosa. Lá se tem a aparência  desejada, o chamado avatar, e tudo mais que se poderia estar fazendo  na vida real se não estivesse jogando. Mas para poder participar disso  tudo é preciso dinheiro. O Liden, o dinheiro virtual no Second Life,  o qual passou a ter ares de moeda de verdade. Com ele é possível melhorar  o visual, ter uma profissão, comprar terrenos, construir prédios e  objetos. Fazer compras, ir a shows, namorar, casar e até ter filhos.  O jogo permite aos jogadores conectados viverem literalmente uma segunda  vida.
Os jogadores interagem em lugares  variados que parecem o mundo real: há bares, restaurantes, praias,  boates e réplicas de algumas cidades. Essa vida de faz de conta não  faz mal, é até divertida e favorece a criatividade, desde que não  roube de maneira exacerbada o tempo da vida real.
Mas aí é que mora o imenso  perigo. Qual é o limite entre o viver real e o virtual? Quando não  vivemos o nosso “presente”, o nosso “hoje”, e preferimos uma  outra “história”, uma vida paralela, fictícia, é um claro sintoma  de imaturidade emocional, e psíquica. 
De forma irônica, estas “vidas”  virtuais, num primeiro momento, parecem fazer “tudo possível” ao  internauta (se pode ter a idade, o corpo, o temperamento, o passado  que desejar). Mas por que com o tempo tornam seus autores reféns de  si mesmos? Quando a pessoa tem que ser “ator” ou “atriz” o tempo  todo, perde sua personalidade, a única coisa realmente original e única  que tem!
Excepcionalmente esta avalanche de “vida” virtual é apenas um sintoma do tédio que a sociedade pós moderna está sofrendo. Mundos virtuais acabam refletindo o mundo real, mas as regras de moralidade não acompanham. Jogamos contra nosso interior e só podemos, portanto, ser vencidos por nós mesmos. A escolha sempre será o grande momento da verdade na vida humana.
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