segunda-feira, 22 de junho de 2009

Carta à Cultura

Por Natália Azevedo
nati_az@hotmail.com

Excelentíssima Cultura,

Venho por meio desta lhe pedir, por obséquio, uma definição para a sua palavra.

No dicionário encontramos "desenvolvimento intelectual, saber". Mas, afinal, saber o quê?

Há quem diga que uma pessoa culta é aquela que lê muitos livros ou que está por dentro de todos os assuntos. Mas não é só isso, né?

Não, não pode ser. Ser culto é bem mais que isso, não se restringe a livro, música, letra ou dança.

Ter cultura dá status. Quando falamos que uma pessoa é culta, a sua credibilidade (e o seu ego) aumentam 80%. Diferente de quando falamos que uma pessoa é educada, ou humilde, ou generosa, ou inteligente, ou divertida etc. Tenho a impressão de que vossa senhoria engloba todos os adjetivos, ou seja, quem tem cultura, normalmente é uma pessoa inteligente, educada, bem humorada e tem a cabeça aberta para todos os tipos de assunto.

Por que então, muitas vezes, não valorizamos a cultura?

Talvez por preguiça, por acreditar que tudo que diz respeito ao vosso nome é chato, é intelectual demais, coisa de "nerd". Mas não é nada disso. Ser culto vai além. Tudo pode ser entendido como cultura, porém, existem os mais cultos e os menos cultos. A certeza é de que todo mundo entende, pelo menos um pouquinho, sobre alguma coisa.
Consideremos um exemplo. Muita gente diz que o nosso presidente é burro, ignorante e, mais uma vez, o vosso nome entra em questão, pois, ao que dizem, Lula é desprovido de cultura, não gosta de ler. Mas vamos parar para pensar um minuto: temos o direito de falar que uma pessoa que conseguiu alcançar à presidência de um país, é um homem inculto? De fato, a cultura do presidente não se encaixa com a maneira como o senso comum define a palavra. Ele sempre fora uma pessoa consciente dos problemas sociais do país, lutou por mudanças, e, do seu jeito, aprendeu a se virar e se comunicar com o mundo inteiro sobre diferentes temas. E isso não é ter cultura? Sinceramente, entendo que é.

Vamos citar agora um outro exemplo, o do cidadão considerado culto, como um professor universitário. Esse referido professor sabe muito sobre determinado assunto, tem pós graduação no exterior, mestrado, doutourado etc. Mas, em contrapartida, é quadrado, alienado, tem uma visão fechada e não quer tomar conhecimento sobre o que se passa no resto do mundo. Será então, que podemos chamar essa pessoa de culta?

Bom... Por essas e outras, minha querida amiga, recomendo-lhe que você mostre sua cara. Que se defina em um âmbito mais vasto. Deixe claro que qualquer tipo de arte ou sabedoria pode ser cultura. Que você está ligada tanto a livro, música, dança, teatro, pintura, desenho e comida, como também, ao modo de pensar e agir de cada pessoa, aos costumes, tradições e histórias.

Com certeza assim, se apresentando de maneira mais despojada e descontraída, as pessoas vão mergulhar de cabeça no universo cultural e valorizar cada pedacinho do que deveríamos considerar CULTURA.

Um comentário:

Unknown disse...

Adorei o texto! Excelente!