quinta-feira, 23 de abril de 2009

Não julgar, para não ser julgado

Mônica Cury
monicacuryjf@hotmail.com

Talvez seja mesmo verdade que Deus nunca erre. Mas os seres humanos que aqui espalham a Sua palavra têm agido de forma, no mínimo, curiosa. O posicionamento do Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho, no caso da menina de nove anos estuprada pelo padrasto e grávida de gêmeos, chocou até alguns radicais praticantes do catolicismo. E por que chocou tanto se todos nós sabemos que a Igreja sempre foi absolutamente contra o aborto? Porque existem casos e casos e, principalmente os adeptos à religião católica esperavam uma reação diferente dos seus representantes. Não levar em consideração que a gravidez era de sério risco para a menina faz muitos católicos repensarem na escolha da sua religião.A Igreja não precisa ser a favor, mas exgomungar todos os envolvidos no aborto foi desnecessário. Somos capazes de pensar, analisar fatos, debater, tirar conclusões. E, exatamente por isso, nada pode ser totalmente certo ou errado. Tudo depende.

Assim como a afirmação do Papa Bento XVI em visita à África, dizendo que a camisinha não ajuda na diminuição da AIDS, pelo contrário, aumenta. Meio absurdo, alguns pensariam, mas nem tanto. O Papa apenas disse o que muitos governantes não querem ouvir: que educar a população é muito mais importante do que distribuir camisinhas por ai. Segundo o Papa, essa distribuição ainda estimula um comportamento sexual irresponsável, o que não deixa de ser verdade. Pode ser que isso não influencie a mim, nem a você, mas não porque somos cidadãos exemplares, e sim porque a educação chegou até nós. E ai, o Papa está mais do que certo.

No fim, temos apenas que saber que não somos Deus. E os seres humanos, por mais que tentem agir corretamente, muitas vezes erram. E errar nós podemos, só não podemos julgar. Porque com a mesma severidade com que julgamos alguém, um dia seremos condenados. Seja qual for sua idade, cor, classe ou religião.

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