quinta-feira, 23 de abril de 2009

Presos pelo ócio

Mônica Cury
monicacuryjf@hotmail.com

Uma das principais causas das rebeliões nos presídios é, além do excesso de população carcerária e das condições precárias dos alojamentos, o ócio. Diante de motins e mortes cada vez mais freqüentes, uma das soluções mais discutidas pela sociedade é a regulamentação do trabalho nas penitenciárias. Tal prática, não só reduz o tempo ocioso dos detentos, como faz com que estes se sintam úteis na volta ao convívio social, evitando seu retorno ao mundo do crime. O trabalho também traz a possibilidade de uma nova vida após a detenção, já que o indivíduo pode sair da penitenciária apto a ter um emprego.

Atualmente, já existem centros de ressocialização de presos, cujo objetivo é buscar reinserí-los na sociedade através do trabalho e da cultura. A arte por meio da pintura foi a solução encontrada na Penitenciária de São José do Rio Preto, onde as detentas aprendem uma atividade e tem a oportunidade de expor seus trabalhos na unidade com direito, inclusive, a premiações.

Tais iniciativas só alcançam o êxito, contudo, quando há programas capazes levarem em conta a aptidão dos presos e um aproveitamento adequado da produção. Daí a importância da participação de empresas privadas e órgãos públicos em projetos voltados para este tipo de mão de obra. Para que a iniciativa ganhe maior amplitude, porém, é preciso que haja uma participação mais significativa destes setores. Às empresas privadas o governo federal já aplica a redução de impostos quando do aproveitamento do trabalho dos detentos, mas poucas aderiram, ou por não conhecerem os projetos, ou por não buscarem neste nicho um caminho para seus negócios.

A ocupação dos presos, portanto, não é apenas uma ação de promoção individual, mas de reorganização social, redução dos gastos públicos com a reconstrução de presídios destruídos e, principalmente, de aproveitamento de uma mão de obra hoje marginal.

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