Redações de um homem só

por Ramon Vitral
ramonvitral@yahoo.com.br

Na casa dos Dória a rotina atribulada e pouco usual do jornalismo diário se faz de maneira incomum. Pedro é acordado às 6 horas, tem de levar Laura no colégio e a Marina para o trabalho. Em seguida, o patriarca volta para casa, liga o computador e fica na internet até o fim do expediente, quando, então, vai buscar a filha e a esposa. Em pouco mais de cinco linhas pode parecer fácil algo que não é. Mas essa suposição sobre um dia com o clã Dória não é de toda fantasiosa.

É possível que o feito mais conhecido de Pedro Dória até hoje tenha sido a descoberta de Bruna Surfistinha. Foi dele a reportagem que apresentou ao mundo a mais bem resenhada garota de programa de um site que reunia a nata da profissão. Dória é jornalista, e dos bons. Mas seus textos não estão no papel. O meio dele é a web e a mensagem é que o jornalismo pode ser feito sim através dela. Em http://pedrodoria.com.br/ pode-se ver o supra-sumo do jornalismo tupiniquim – virtual ou não.

A relação da imprensa com os blogs é conturbada. No começo de agosto a LVBA Comunicação divulgou o estudo “Jornalismo na era digital”, que atesta a opinião de jornalistas brasileiros em relação aos blogueiros não-jornalistas. Os números são auto-explicativos: 46,2% dos jornalistas consideram esses blogs boas fontes de informação, 40,4% desconfiam do conteúdo veiculado e 13,2% disseram não consultar blogs desse tipo. Jornalista formado, Pedro Dória é o meio termo entre as fontes das pesquisas e aqueles que nela têm suas credibilidades postas em cheque.

Mas Dória não está só. Nem mal acompanhado. Se há algo que a internet se mostrou capaz de fazer, é aglomerar pessoas de interesses comuns em uma rede de contatos que tende a não se distanciar por pouco mais do que um link. Como células de funcionamento autônomo, os blogs jornalísticos podem ser interpretados em conjunto como uma grande redação. O assunto é polêmico e o espaço é curto. Mas espalhe a palavra e tente Dória no Google.

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LVBA Comunicação